domingo, 30 de janeiro de 2011

JANEIRO

                                                       JANEIRO


         Dilma Roussef presidenta do Brasil.

         Muito mais do que realçar o valor da mulher, e a palavra presidenta é simbólica, ainda que acanhada, concessão a isso, o grande desafio, para mim, nesse tempo que começa sob a liderança de Dilma é constituí-lo, construindo-o, como o tempo da verdade.

         Verdade que não se contenta em ser, unicamente, provedora de bens materiais – ainda que necessários – para a mulher e para o homem. Não há, então, porque se destacar um do outro a que se hostilizem, ou a que mesmo reneguem sua natural condição, mas e conferindo pleno sentido à normal distinção entre os dois, uni-los na complementaridade que a diversidade do ser homem e do ser mulher propicia ao crescimento pessoal e conjunto de cada qual.. Com efeito, temor algum deve existir no afirmar-se a família como o encontro propício ao desabrochar e acontecer das potencialidades da mulher e do homem nos espaços da vida em que são, desde que concebidos e até que findos. Verdadeira governanta há de empenhar-se nesse propósito porque tão, para mim certamente mais, grave do que a pobreza material é a indigência em ser, que da pessoa subtrai o direito inalienável de plenamente manifestar-se, impedindo-a de ser protagonista do banquete da vida em todas as suas dimensões.

         Não podemos nos constituir, naquilo que é tão ao gosto dos manipuladores de todos os matizes, em: bandos de big brothers brasil.

         Verdade que não aceita o nepotismo, o compadrio, a barganha como vetores da condução da res publica (= coisa pública ). A cidadania é empenho coletivo para a cotidiana construção do bem comum. Quem dela recebe a representação, seja na função de governar, no âmbito que for – municipal, estadual, federal -, seja na função de legislar – vereador, deputado, senador – não pode sobrepor-se à representação recebida que, aliás, é temporária, para assenhorear-se e vangloriar-se do título conspurcando o mandato, inclusive mercadejando-o em arranjos políticos.

        Verdade que não se compatibiliza com privilégios na responsabilização de condutas assumidas em detrimento do bem comum, principalmente quando tais privilégios significam a isenção judicial de culpa pelo decurso do tempo, o que juridicamente, chama-se prescrição, e também significam tais privilégios o sigilo sobre o processamento judicial de quem quer que seja. O comportamento funcional de toda pessoa encarregada de serviço público há de ser, sempre, claro e transparente, tanto no que fez quanto pelo que fez.

         As águas de janeiro são de muitas lágrimas.

         Lágrimas só são verdadeiras se nos conduzem a ser o que não fomos antes.

         Lágrimas, como as águas, não são para nos deter, mas para nos impelir adiante, além de nós mesmos, em direção ao outro, ao próximo, quebrando e mudando o que é egoístico fechamento em amorosa solidariedade.

         A verdade nos faz construtores da “civilização do Amor”.

         Que assim, consigamos todos, que seja.