quinta-feira, 2 de junho de 2011

24 horas, só por hoje, funciona

         “24 horas, só por hoje, funciona” não significa, em absoluto, novo “slogan” para que nos enquadremos, todos, tão ao gosto da mídia novelesca, no comportamento mundano de curtir, desvairadamente, a vida, gozando-a, a nosso bel prazer, com quem quisermos, quando quisermos, como quisermos.

         “24 horas, só por hoje, funciona” é expressão forte, quase prece, de minhas irmãs, de meus irmãos, e eu com elas e com eles, todos, na luta pessoal, e comunitária, contra a escravidão da droga e da dependência ao álcool.

         “24 horas, só por hoje, funciona” é a afirmação de que nós não nos bastamos; de que é preciso reconhecer limites, cuja prova mais eloqüente é a certeza de que nosso viver, no mundo, tem fim inexorável.

         “24 horas, só por hoje, funciona” se quebramos o preconceito e, então, acolhemos a irmã e o irmão dependente, como a nós mesmos, porque somos todos dependentes, de alguém, ou de algo, sempre. A questão está em primeiro isso admitir e, assim exposta a nossa vulnerabilidade, buscarmos socorro e irmos socorrer na oferta sincera de nossas misérias e de nossas alegrias.

         “24 horas, só por hoje funciona”, portanto, é a experiência da libertação pessoal e comunitária, porque ninguém se liberta por si só, ou para si só. O libertar-se, necessariamente, o é libertar-se com, para a vivência do outro: a alteridade. Deus é comunhão trinitária, não é solidão. Nós, que somos de filiação divina, porque tudo nos foi revelado por Jesus ( Evangelho de S. João, capítulo 10, versículo 15 ), somos libertados para o amor, porque o verdadeiro amor é oferta incondicional de si para o próximo. Ou como diz, magnificamente, o padre José Comblin, no seu livro “A Liberdade Cristã”, de leitura obrigatória para quem quer que almeje aprofundamento na fé:

“Jesus não se propõe agir sobre a lei ou as estruturas nem por meio da violência, nem por meio da persuasão ou do prestígio, nem pela entrada política, nem pela entrada ideológica, nem pela força das armas, nem pela força das idéias. A ação de Jesus consiste em uma abertura às pessoas. Agir é, para Jesus, ir ao encontro do próximo, fazer com que o próximo exista, reconhecer a presença dele, fazer com que entre no mundo como pessoa ativa. Agir é, por meio desse encontro ativo, tirar a pessoa do próximo da inexistência, da marginalização.
( pg. 126, grifei. )

         “24 horas, só por hoje, funciona”.              

Um comentário:

Maria Auxiliadôra disse...

É verdade, a cada dia basta o seu cuidado...mudar hábito é um exercício contínuo, pensado, ponderado, perseverante...